Do lixo ao luxo Se vestiu de reciclagem da vida, pintou os olhos tristes, passou batom nos lábios maliciosos... Escondeu as marcas do tempo, com cremes industriais, tingiu o cabelo de castanho caju... Diminui a idade, fingiu ser intelectual e articulado... Se acha sexy, com a epiderme exposta, queimada pelo sol de Copacabana, a tarde sem hidratante... Epiderme castigada pelo sol a pino, Sentado ao lado do grande poeta, Tentou imitar os seus passos... Só consegui tirar algumas palavras, da sua massa cinzenta... Viu que não era bom nisso o bastante, para brincar com as palavras... Não basta ter vontade, tem que ter o dom, e um bom coração... Ter afinidades com a inspiração, ser um visionário e viajar nas asas da quimera... Se vestiu de social, encheu os dedos de anéis, de ouro de tolo e uma corrente com pingente de bijuteria... Retocou e mascarou o caráter, para não aparecer a índole, manchada pelo passado vil... Desceu a ladeira da lapa, Entre amigos distribuiu panfletos... Do lixo reciclado fez o luxo, um porta de poesias, Amigos sejam bem-vindos a revista... Mais aquele poeta sentado no banquinho a beira-mar, Ah! Esse não vou deixar entrar me negou inspiração... |
Ernane Rezende rabiscador de poesias |
Publicado no Recanto das Letras em 05/02/2011 Código do texto: T2773683 |
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sábado, 5 de fevereiro de 2011
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